domingo, 17 de fevereiro de 2013

Relatório da viagem: “O Sertão Tem Histórias”




II Ciclo de Estudos " O Sertão Tem Histórias: Lendas, Mitos e Religiosidade Sertaneja"


Relatório da viagem: “O Sertão Tem Histórias”

 
Foto tirada em frente a Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores.
 O II ciclo de estudos "O SERTÃO TEM HISTÓRIAS" teve ínicio no dia 26 de janeiro de 2013 e se estendeu até o dia 27 do mesmo mês, sobre o tema "Lendas, religiosidade do povo sertanejo e algumas de suas representações", teve a liderança do Professor Antônio Lindivaldo Sousa com o objetivo de conhecer alguns elementos encontrados na cultura do povo do sertão, mais especificamente nas cidades de Nossa Senhora Aparecida, Glória, Monte Alegre e Poço Redondo.

Saimos de Aracaju no dia 26 de janeiro , um sábado ensolarado por volta das 7 horas da manhã com mais de meia hora de atraso devido ao atraso de duas alunas, chegamos em Nossa Senhora das Dores por volta das 9 horas  e nos reunimos no restaurante denominado "Rota do Cangaço" para que pudessemos tomar nosso café da manhã e em seguida nos dirigimos para a Igreja Matriz onde pudemos apreciar a sua linda arquitetura como podemos observar nas fotos seguintes:
Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores.
Altar da Igreja Matriz.


 Ao sairmos da visita a Igreja fomos ao local onde teriamos apresentações de pesquisadores da temática religiosidade em Nossa Senhora das Dores, no qual a priemira pesquisadora a falar foi a senhora Magneide que veio nos mostrar a sua pesquisa monográfica nos mostrou um pouco da história dos penitentes de Dores

Professora Magneide.


 Após o término de sua fala pudemos observar de perto um pouco da apresentação dos penitentes com suas vestimentas tradicionais, suas rezas e cantos que são apresentados no dia da procissão, foi um momento de muita emoção para alguns que puderam precensiar aquele momento tão símbolico para aqueles homens que carregam muita fé em seus corações.
Os penitentes.


Com o fim da apresentação dos Penitentes, foi iniciada a fala do Professor João Paulo que veio nos mostrar um pouco acerca das manifestações religiosas do municipio e fez um grande destaque das quatro principais procissões daquela cidade, sendo elas: A procissão dp Madeiro, do Cruzeiro do Sul, dos Penitentes e a de Nosso Senhor Morto, nos falou também um pouco sobre a história da Igreja Matiz e apresentou algumas fotoas de como era a igreja nos primeiros anos de suas construção e as mudanças que aconteceram até chegar a arquitetura que é hoje.
Professor João Paulo.


Terminado essa primeira fase de estudo retornamos ao restaurante "Rota do Cangaço" para que pudessemos almoçar antes de nos dirigirmos a próxima cidade de estudos e após acabarmos o almoço e ter comido aquela gostosa sobremesa, por volta de 13hs da tarde partimos para Nossa Senhora da Glória onde ficariamos alojados em um colégio que também serviria de local para a segunda fase de estudos no sertão.

Chegamos a cidade de Glória por volta das 14hs e fomos direto para o colégio para tomarmos banho e descançar um pouco, porém, não posso deixar de citar o momento lazer que tive durante a tarde, no qual eu juntamente com meus amigos Bilito esposo de minha amiga Rosana, Madson e sua namorada Tamires fomos tomar aquela cerveja gelada tendo como prato principal esses gostosos caganguejos, posso dizer que foi um dos melhores momentos dessa viagem.
Carangueijos.
Madson, Rosana, Bilito e Eu.


 voltando aos estudos, durante a noite tivemos uma palestra do Professor Dr. Antônio Lindivaldo Sousa falando sobre a construção do mito do lobisomem representado na figura do João Valentim, a sua representação para o povo sertanejo e como ainda é forte naquela região esse mito, levando a jovens e idosos acreditarem que de fato existiu um lobisomem.
Professor Dr. Antônio Lindivaldo Sousa


Professor Uilder Celestino.
Em seguida tomou a palavra o Professor Uilder Celestino mostrando como a figura do homem sertanejo é representada na forma de esculturas feitas pelo artista plástico Véio natural de Nossa senhora da Glória.











Ygo Ferro e Madson.

Após uma noite de grandes debates acerca da cultura sertaneja, foi a hora de relaxar com um sarau que foi iniciado com a apresentação de Ygo Ferro e Madson, apresentações dos Aboiadores e encerrando a noite um trio pé de serra animou o salão.

Repentistas Aboiadores.

Trio pé de serra.

Da esq para direita. Bilito, Rosana, Gabriela, Nataly, Eu, Madson e Tamires.














Professor Cícero.
Professor Eloy.
Casa onde morava João Valentin, na tofo Prof Cícero e seu Brió o de boné.
No dia 27 saimos de Glória por volta das 9 horas com destino a cdade de Monte Alegre, meia hora depois já na cidade citada pudemos ouvir um pouco a fala do Professor Cícero que nos falou um pouco mais sobre a história do João Valentim e em seguida nos conduziu a casa de outro professor chamado Eloy, no qual, o mesmo nos contou um pouco mais da história do lobisomem e da sua experiência com o mesmo quando vinha do colégio onde ele dava aula pela noite e se bateu de frente com o tal lobisomem em forma de cachorro, e que segundo ele no dia seguinte o próprio João Valentim foi até ele perguntar se depois daquela noite ele acreditava que realmente existia um lobisomem, em seguida saimos da casa do profesore Eloy e fomos conhecer a casa onde morou o João Valentim, lá também nos deparamos com mais relatos em respeito ao lobisomem, sempre tido como bom e que defendia as pessoas nas suas caminhadas noturnas de um outro lobisomem, só que esse o do mau, "lobisomem" esse que não pudemos saber o seu nome devido a sua familia não gostar que toquem nesse assunto, quem nos recebeu na antiga casa do João Valentim foi o atual morador seu Brió.
Saindo da antiga casa do João Valentin nos deslocamos para o cemitério onde esta enterrado o tal lobisomem mau, como pudemos observa a sua cova não tem nenhuma identificação, isso mostra como a sua família faz de tudo para que as pessoas nao fiquem sabendo da sua história.
Cova do Lobisomem mau.
Banda de pífano
Em seguida nos deslocamos para a cidade de Poço Redondo e almoçamos no povoado de Sítios novos, em seguida partimos para a capela "Cruz dos Homens" onde pudemos ouvir um pouco sobre a Cavalhada através do senhor Genovitor,que nos falou que essa tradição é uma herança européia e que foi adaptada pelos sertanejos, a cavalhada nada mais é do que uma disputa entre as cores vermelhas e azul que na verdade representa a guerra entre os povos cristãos e os Mouros na Idade Média, lá tambem pudemos precensiar a banda de pífano, em seguda pudemos observar os preparativos para a Cavalhada

Imagem da Cavalhada.
Momento em que um dos espectadores é escolhido para fazer sua contribuição.
Momento em que se encerra a Cavalhada.
Portanto, após o termino da apresentação da Cavalhada pror volta das 5hs da tarde, tomamos o rumo de volta para casa, foram dois dias de estudo e de conhecimento da cultura sertaneja, pudemos sair um pouco da teoria e fomos ver na prática, aprender dar valor a cultura da nossa terra e não deixar que morra com o tempo essas lindas formas de manifestações populares!!

Alessandro Polishop e Eu momentos antes de voltar para casa.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

1954, ano em que Brasil chorou a morte do seu presidente

1954, ano em que Brasil chorou a morte do seu presidente

O ano era 1954, uma grande crise política desestabilizava o Governo Vargas. O então Ministro do Trabalho, o advogado João Goulart, mais conhecido como “Jango”, que anos mais tarde chegaria à Presidência da República tentando uma política de aproximação com o movimento sindical, autorizou um aumento de 100% ao salário mínimo, temendo a grande ameaça de greve ocorrida meses antes.
A consequência foi uma grande pressão dos grupos de empresários e de seus opositores liderados pela União Democrática Nacional (UDN). Nem o próprio Ministro da Fazenda, Oswaldo Aranha, foi a favor desse aumento. Então, naquele momento, Getúlio foi obrigado a recuar e João Goulart não teve outra saída a não ser renunciar.
Em fevereiro do mesmo ano, veio a público um manifesto denominado de “O Memorial dos Coronéis”, no qual havia duras críticas ao aumento salarial proposto pelo ministro e um discurso em favor da necessidade de fortalecer ainda mais o Exército na luta contra o comunismo que estaria ameaçando o país. Os autores do manifesto viam a aproximação de Getúlio com a classe trabalhadora como uma ameaça e o acusavam de estar planejando transformar o Brasil numa “República-Sindicalista”. Carlos Lacerda denunciou o Pacto do ABC (Argentina, Brasil e Chile) e acusou o presidente de estar fazendo uma aliança com a Argentina de Perón para lutar contra os interesses e a hegemonia norte-americana.
Getúlio, tentando salvar o seu governo que já estava desestabilizado, se aproximou da classe trabalhadora buscando apoio. No dia 1º de maio, Dia do Trabalhador, fez um discurso denunciando as empresas estrangeiras e elogiando seu ex-ministro, e ele próprio concedeu o aumento de 100% aos trabalhadores assalariados. O auge de toda essa crise viria a estourar na madrugada de 5 de agosto de 1954. O jornalista Carlos Lacerda, chegando a seu apartamento no bairro Copacabana depois de um comício realizado no Colégio São José, sofreria um atentado. Esse episódio vitimaria o major da Força Aérea Brasileira, Rubens Florentino Vaz, segurança particular do jornalista.
Todas as suspeitas do mandante do crime caíram em cima de Gregório Fortunato, “o anjo negro”, homem de confiança e chefe da guarda pessoal do presidente. Na mesma noite Getúlio foi informado do atentado da Rua Tonelero, como ficou conhecido o episódio, e disse a seguinte frase: "Esse tiro no pé de Lacerda foi um tiro nas costas do meu governo”.
Dezenove dias após o atentado na Rua Tonelero, no dia 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas, o “Gegê” - apelido carinhoso usado por seus partidários -, acabaria com toda essa angústia com um tiro no coração. Imaginem o sofrimento de um senhor de 72 anos naqueles últimos meses e naquela madrugada, reunido com seus ministros. Como o mesmo Getúlio Vargas dizia: “o preço da derrota se paga com a vida”, mas ele em um golpe de mestre conseguiu vencer na derrota, deixando a sua Carta Testamento endereçada ao povo e que serviria como bandeira de luta para o trabalhador brasileiro.
Se Getúlio tinha uma mente suicida ou se foi uma decisão tomada em um momento difícil de sua vida, não podemos saber, o que sabemos é que o presidente, quando ainda jovem, era um leitor assíduo do escritor Raul Pompéia, autor do romance “O Ateneu”. E no momento de toda a crise do seu governo, em certa tarde, ao passar com a sua comitiva em frente à casa do escritor, pediu para que parassem. O chefe da nação permaneceu uma hora sozinho dentro da casa, as reflexões que passaram por sua cabeça durante aquela hora nunca poderemos descobrir, o que podemos dizer é que Raul Pompéia também foi um suicida.
Conforme o autor Lira Neto, em sua obra Getúlio (1882 – 1930) Dos anos de formação a conquista do poder, mostrou que Vargas presenciara dois suicídios em sua família. O do seu padrinho, o major Claudino da Silva, um veterano da Guerra do Paraguai, no qual, nesse episódio, Getúlio aos 17 anos olhara pela primeira vez dentro dos olhos de um suicida. E anos mais tarde, em 1920, o seu sogro Antônio Sarmanho, humilhado pelas dívidas devido à quebra do Banco Pelotense, resolveu atirar uma bala no próprio peito, a altura do coração, da mesma forma que seu genro Getúlio Vargas faria 34 anos depois.
Na manhã do dia 24 de agosto de 1954 o país perdia o chefe de sua nação, para o povo simples um “pai dos pobres”, para seus opositores “a mãe dos ricos”. O certo é que o Brasil chorou a perda do seu presidente e a comoção foi geral. O povo em um momento de fúria depredou o jornal do PCB, bem como todos os órgãos de imprensa que faziam oposição ao presidente, a exemplo do Tribuna de Imprensa, de Carlos Lacerda, e O Globo, de Roberto Marinho. Nem a embaixada norte-americana se livraria das depredações. As manifestações não ficaram restritas apenas à capital federal, houve revoltas populares em todo o país, inclusive em Sergipe. Na cidade de Estância ocorreram depredações nas sedes da UDN e do Partido Comunista. Em todo o país estima-se um saldo de 10 mortos. Carlos Lacerda e os opositores do presidente tiveram que fugir da capital federal para não sofrer o mesmo destino.
Getúlio deixou como marca a sua ambiguidade que serve de questionamento até hoje para os estudiosos. O homem que implantou uma ditadura no Estado Novo voltaria ao poder em 1951 pelo voto e pelos braços do povo. Um autoritário que criaria as leis trabalhistas ainda em vigor nos dias de hoje, ora estava com os sindicatos, ora fechava os mesmos; em alguns momentos políticos perseguiu os comunistas, em outros conseguiu fazer Luiz Carlos Prestes subir em seu palanque. Antes da Segunda Guerra era simpatizante das ideias de Hitler, porém , quando a guerra esquentou, aderiu à pressão dos Estados Unidos e conseguiu fazer os norte-americanos financiarem a Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional.
Getúlio Vargas foi um político habilidoso, ao ponto de o jornalista Assis Chateaubriand um dia dizer: “Maquiavel é pinto perto de Getúlio Vargas”. Com toda sua habilidade política, não podemos esquecer que Getúlio foi a ponte para transformar um país agrário num país industrial. Antes dele, o Brasil era uma grande fazenda. Por essas e outras, podemos dizer que Getúlio Dorneles Vargas foi o personagem político mais marcante da história do nosso país.